domingo, 29 de agosto de 2010

A metamorfose da saudade

Rosane Roehrs Gelati
3º lugar - Concurso Literário Larí Franchescheto – Triunfo – RS

A saudade corrói. É triste e suave. Ela nos torna amargos, chorosos e saudosos.
Quando chega, faz com que tudo lembra quem ou o que deixou saudades. Chega e se instala. Faz-se de tudo para espantá-la, mas não adianta. Ela fica, faz casa bem rapidinho dentro do coração e da mente. Tudo, mas tudo mesmo lembra o que não se quer lembrar. É dona do último pensamento de um dia e do primeiro do outro dia. Só dá ela. Não sai. Não dá trégua. O sorriso é saudoso. A lágrima é saudosa. A brincadeira é saudosa. Nada a espanta ou a afasta. Ela é companheira inseparável e imensurável, apaixonada e dedicada, cruel e assassina, leva embora a alegria, tira o sossego, a paz. É ela quem dirige nossa vida agora.
O vento é motivo de saudades! A chuva também!! O sol igualmente!! Uma música, um brinquedo, um espelho, uma fotografia, uma comemoração, um amigo, uma colega, uma rua, um carro, um aroma, a fragrância de um perfume... traz lembranças... traz saudades.... Melancolia!! Nostalgia!!!
Primeiro, lágrimas, muitas lágrimas, lamentações, choro compulsivo. Vontade de sumir, de morrer... Aquela sensação de sufoco, de inquietude, de desconforto.
Lentamente a dor vai amenizando, as lágrimas diminuem, tornam-se escassas. Chega o tempo que somente uma ou outra insiste em escorrer.
O sorriso retoma seu lugar.
A saudade se transforma. Passa a gostosa lembrança.
Contudo, basta um motivo banal para que tudo seja revivido e sentido. E ela está lá novamente, talvez com mais suavidade, mas batendo o ponto, dizendo que nunca se foi totalmente, somente... deu um tempo...
rosane.r.gelati@gmail.com

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